04 junho 2012

INCLUSÃO EDUCACIONAL: CAMINHOS E DESAFIOS




Inclusão social é um termo amplo, utilizado em contextos diferentes, em referência a questões sociais variadas. De modo geral, o termo é utilizado para referir-se à inserção de pessoas com algum tipo de deficiência às escolas de ensino regular e ao mercado de trabalho, ou ainda para reportar-se a pessoas consideradas excluídas, que não têm as mesmas oportunidades dentro da sociedade, por motivos como:
• Condições sócioeconômicas
• Gênero
• Raça
• Falta de acesso a tecnologias
(exclusão digital)
A inserção dessas pessoas que se encontram a margem da sociedade ou o acesso as tecnologias aos excluídos digitais ocorre, geralmente, por meio de projetos de inclusão social, o que reforça a utilização desse termo. Alguns autores defendem, porém, que não existe o “fora” ou “dentro” da sociedade, já que todas as pessoas são produtos dela.

O processo de inclusão social de pessoas com necessidades especiais tornou-se efetivo a partir da Declaração de Salamanca, em 1994, respaldada pela Convenção dos Direitos da Criança (1988) e da Declaração sobre Educação para Todos (1990).

Os projetos de inclusão social de maior repercussão são os seguintes:

• O processo de inclusão das pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas de ensino regular;

• A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, nas empresas com mais de cem funcionários, proporcionalmente.

• O sistema de cotas para negros, índios e estudantes egressos da escola pública nas universidades;

A inclusão social, em suas diferentes faces, é efetivada por meio de políticas públicas, que além de oficializar, devem viabilizar a inserção dos indivíduos aos meios sociais. Para isso, é necessário que sejam estabelecidos padrões de acessibilidade nos diferentes espaços (escolas, empresas, serviços públicos), assim como é necessário o investimento em formação inicial e continuada dos profissionais envolvidos no processo de inclusão, principalmente dos professores.

Pensar em inclusão social nos remete, necessariamente, ao seu reverso: a exclusão social. Os dados da realidade brasileira e mundial são tão marcantes quanto a exclusão, que, ao pensar em um projeto sobre ética e cidadania, somos levados a estabelecer a inclusão como um desejo, uma realidade que só será alcançada com grandes transformações sociais e políticas.

A situação de exclusão social que encontramos no Brasil, embora não expressa em números neste texto, também é muito grave. Buscar estratégias que se traduzam em melhores condições de vida para a população, na igualdade de oportunidades para todos os seres humanos e na construção de valores éticos socialmente desejáveis por parte dos membros das comunidades escolares é uma maneira de enfrentar essa situação e um bom caminho para a democracia e a cidadania.

O desafio da inclusão é uma possibilidade de se repensar o ensino, a aprendizagem, além de reestruturação de política e estratégias educacionais.
A inclusão educacional pressupõe a realização de currículos abertos e flexíveis, que sejam comprometidos com o atendimento às necessidades educacionais de todos os alunos assegurados através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Propiciando aos alunos possibilidades e direitos, a inclusão é um processo em construção, em que professores da classe comum, especialistas e profissionais da saúde, toda comunidade escolar devem trabalhar junto, para que a verdadeira inclusão se efetive.

Devemos enfrentar com urgência o desafio da inclusão escolar, precisamos colocar em prática os meios pelos quais ela se efetiva, promover uma reforma estrutural e organizacional de nossas escolas. Precisamos responder às novas propostas e mostrar nossa capacidade de mobilização.

A experiência inclusiva nos tem mostrado a efetivação da qualidade do ensino, do trabalho em conjunto, do compromisso de todos os envolvidos nesse processo inclusivo, apesar de que o maior desafio ainda seja a busca pela qualificação de todos os professores em razão das condições variáveis e difíceis em que muitas vezes trabalhamos.

Por que as atitudes dos indivíduos em relação ao próximo nem sempre condizem com valores como o respeito, a solidariedade e a cooperação? Em diferentes lugares do mundo, situações que retratam a violação desses deveres, como as atitudes que revelam os valores acima mencionados, geram indignação e inquietações. As virtudes, consideradas fundamentais para a qualidade da vida em sociedade, são também princípios da Inclusão, em seus diferentes aspectos: inclusão das diferenças de uma forma geral, em suas diversas manifestações.

Lembramos o quanto as sociedades se modificam e se transformam ao longo do tempo, o que pode ser facilmente constatado por meio de um breve resgate na história. Com efeito, essas mudanças podem ser superficiais ou profundas, lentas ou rápidas, instantâneas ou gradativas. Podemos ainda dizer que a sociedade atual se caracteriza pelo avanço técnico-científico e informacional que lhe confere peculiaridades nunca antes imaginadas. Em contrapartida, emerge a sociedade do ter em detrimento do ser, da rapidez desenfreada, da competição acirrada, e, porque não dizer, marcada por profundas crises.

Esses aspectos caracterizam as sociedades do mundo contemporâneo, que, vivenciam uma radical transformação ocorrida nos modos de vida e nas relações humanas.

O trabalho na escola inclusiva deve prever a mudança de comportamento, hábitos e valores, pressupondo que o docente compreenda como ocorre o desenvolvimento intelectual e moral da criança, a construção de conhecimentos e posteriormente a adaptação de atitudes (PIAGET, 1932).

A implementação efetiva da inclusão na escola e na sociedade está atrelada à forma que essa escola e essa sociedade vêem o ser humano. Inclusão significa exercício de direitos e deveres, qualidade de vida e das relações, a construção de uma sociedade igualitária, justa e acolhedora para todos!





Clube Eu Gosto - A Revista do Professor
Número IV


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